De onde vêm os termos “Colono” e “Colonial”?

Já ouviu as expressões “Café Colonial”, “Queijo Colonial” e tantas outras, associadas aos imigrantes do Sul do Brasil?

Quando o Vale do Itajaí foi colonizado por imigrantes europeus, no século XIX, cada família adquiria uma propriedade em que pudesse exercer a agricultura familiar e dali tirar seu sustento. A localidade de Rio do Testo, como era conhecida a atual Pomerode, foi dividida em lotes rurais que, via de regra, possuíam acesso à água e área total próxima de 250.000 metros quadrados (25 hectares), ou 100 Morgos (medida de área usada pelos alemães à época). Idealmente teriam largura de 250 metros, junto a um curso d´água, e comprimento de 1 km — mas as medidas variavam conforme características do terreno. Esse arranjo de lotes estreitos e longos, demarcados ao longo do rio, era considerado vantajoso por permitir o acesso à água dos rios e córregos pelo maior número de lotes possível, e manter uma família a uma distância não muito grande da outra, facilitando a integração comunitária e auxílio mútuo entre os moradores.

Como “colono” (lat. colōnus) significa “agricultor”, cada lote era denominado “lote colonial” ou “colônia”, e cada agrupamento de lotes, que adquiria vida comunitária própria (com igreja e escola) era chamado “núcleo colonial”. É daí que se origina a relação do adjetivo “colonial” com o imigrante.

Para quem quer voltar no tempo e entender melhor como foi esse processo, este decreto de 1911 disciplina a demarcação de lotes para os imigrantes, além de vários outros aspectos da colonização.

A divisão de terras em Pomerode

Neste mapa abaixo podemos ver como foi dividido o território de Pomerode, com os lotes rurais assinalados. O desenho do mapa coincide com o atual contorno do município, e alguns rios e córregos que deram origem a nomes de bairros estão assinalados. Clique no mapa para abrir o documento em alta resolução.

Divisão da atual Pomerode em Colônias, no século XIX (o mapa é um redesenho da década de 1970, aqui versão mais antiga)

Algumas Colônias permanecem intactas

O documento abaixo é uma escritura original de um dos lotes rurais originais de Pomerode, ou uma “colônia”. Foi escriturado em 1896 para o imigrante pomerano August Küster. Observe que possui praticamente a área padrão do lote rural (pouco mais de 23 hectares). O terreno adquirido é o Lote número 166 da Margem Esquerda do Rio do Testo, na região hoje chamada Rota do Enxaimel. Presentemente esta propriedade pertence a seus descendentes (família Siewert), onde se localiza a atração turística Casa Siewert. O lote permanece intacto, com suas dimensões e fronteiras originais. É uma das poucas colônias remanescentes em Pomerode, que não sofreram nenhuma subdivisão ao longo das gerações (pois era comum repartir a colônia entre os filhos).

Escritura do lote colonial número 166 da Margem Esquerda do Rio do Testo
Localização do Lote 166 da Margem Esquerda (atual Casa Siewert)

Os imigrantes pioneiros

E esta é a lista dos primeiros imigrantes moradores de Pomerode (clique na imagem para abrir o documento completo). Pode-se observar que o mesmo número de lote (166) está presente na escritura, na listagem e no mapa de lotes, com o mesmo nome do imigrante pomerano August Küster. Conforme indica o documento, a medição topográfica deste trecho foi feita pela comissão de Emil Odebrecht, imigrante que prestou importantes serviços de topografia no Vale do Itajaí.